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  • Carta do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia

  • 30 de Agosto de 2019

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“Cristo aponta para a Amazônia”

São Paulo VI

Reunidos em Belém do Pará, com o objetivo de estudar o Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia, nós, bispos, padres, religiosas e religiosos, leigas e leigos das Igrejas amazônicas, como também irmãs e irmãos que compartilham a caminhada ecumênica, queremos manifestar nossas preocupações com a “Casa Comum” e uma missão evangelizadora encarnada, samaritana e ecológica.

Desde 1952, os bispos da Amazônia se reúnem periodicamente para se posicionar sobre a missão daIgreja na realidade peculiar da Amazônia.“Cristo aponta para a Amazônia” é a expressão profética eprogramática do Papa São Paulo VI que em 1972 repercutiu no Encontro de Santarém. A nossa Igreja assumiu, então, o compromisso de se “encarnar, na simplicidade”, na realidade dos povos e deempenhar-se para que por meio da ação evangelizadora se tornasse cada vez mais nítido o rosto deuma Igreja amazônica, comprometida com a realidade dos povos e da terra. No encontro de 1990, em Belém-Icoaraci, os bispos da Amazônia foram os primeiros a advertir o mundo para um iminente desastre ecológico com “consequências catastróficas para todo o ecossistema (que) ultrapassam, sem dúvida, as fronteiras do Brasil e do Continente” (Documento “Em defesa da Vida na Amazônia”).

Novamente reunidos em Icoaraci/PA em 2016, os bispos da Amazônia dirigiram uma carta ao PapaFrancisco pedindo um Sínodo para a Amazônia. Acolhendo o desejo da Igreja nos nove paísesamazônicos, o Papa convocou em 15 de outubro de 2017 a “Assembleia Especial do Sínodo dos Bispospara a Pan-Amazônia”, com o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologiaintegral”.

A Igreja Católica desde o século XVII está presente na Amazônia preocupando-se com a evangelizaçãoe a promoção humana ao mesmo tempo. Quantas escolas, hospitais, oficinas, obras sociais seconstruíram e foram mantidas durante séculos em todos os rincões da Amazônia. Vilas e cidades seedificaram a partir das “missões” da nossa Igreja. Quanto sangue, suor e lágrimas foram derramadosna defesa dos direitos humanos e da dignidade, especialmente dos mais pobres e excluídos dasociedade, dos povos originários e do meio ambiente tão ameaçados. Lamentamos imensamente quehoje, em vez de serem apoiadas e incentivadas, nossas lideranças são criminalizadas como inimigos daPátria.

Junto com o Papa Francisco, defendemos de modo intransigente a Amazônia e exigimos medidasurgentes dos Governos frente à agressão violenta e irracional à natureza, à destruição inescrupulosada floresta que mata a flora e a fauna milenares com incêndios criminosamente provocados .

Ficamos angustiados e denunciamos o envenenamento de rios e lagos, a poluição do ar pela fumaçaque causa perigosa intoxicação, especialmente das crianças, a pesca predatória, a invasão de terrasindígenas por mineradoras, garimpos e madeireiras, o comércio ilegal de produtos da biodiversidade.

A violência, que ultimamente cresceu de maneira assustadora, nos causa horrores e exige também oengajamento da nossa Igreja para que a paz e o respeito, a fraternidade e o amor prevaleçam.

Defendemos vigorosamente a Amazônia, que abrange quase 60% do nosso Brasil. A soberania brasileirasobre essa parte da Amazônia é para nós inquestionável. Entendemos, no entanto, e apoiamos apreocupação do mundo inteiro a respeito deste macro-bioma que desempenha uma importantíssimafunção reguladora do clima planetário. Todas as nações são chamadas a colaborar com os paísesamazônicos e com as organizações locais que se empenham na preservação da Amazônia, porque destamacrorregião depende a sobrevivência dos povos e do ecossistema em outras partes do Brasil e do continente.

O Sínodo, convocado pelo Papa Francisco, chega num momento crucial de nossa história. Queremos identificar novos caminhos para a evangelização dos povos que habitam a Amazônia. Ao mesmo tempo,a Igreja se compromete com a defesa desse chão sagrado que Deus criou em sua generosidade e quedevemos zelar e cultivar para as presentes e futuras gerações.

Cabe um agradecimento especial à Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM por todo o esforço dedicadono importante processo de ESCUTA das comunidades e no envolvimento dos diversos segmentos do Povo de Deus, especialmente mulheres e com forte participação das juventudes e dos povos originários.

Pedimos que rezem por nós, irmãs e irmãos, para que a caminhada sinodal reflita “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e das mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e detodos aqueles que sofrem” (GS 1).

Que Maria de Nazaré, expressão da face materna de Deus no meio de nosso povo, por sua intercessão, acompanhe os passos da Igreja de seu Filho nas terras e águas amazônicas para que ela seja sinal e presençado Reino de Deus. Que ajude, com sua missão evangelizadora e humanizadora, a dignificar cada vez mais avida em nossa região.

Participantes do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalhodo

Sínodo da Amazônia

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